quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O Desenvolvimento dos Desejos em uma Pessoa.

O Desenvolvimento dos Desejos em uma Pessoa

Nossos níveis de desenvolvimento dependem do nosso desejo de receber. Essa é a nossa substância - nosso desejo de receber, o qual evolui continuamente. Entretanto, o desenvolvimento do desejo de receber é gradual.
   
Primeiro ele evolui em desejos físicos, focando nas necessidades do corpo. Mesmo que as pessoas vivam sozinhas, elas ainda assim necessitam de comida, sexo, família e moradia. É isso o que o corpo necessita. Assim, esses desejos físicos foram os primeiros a se desenvolver, nos primórdios da humanidade. Depois veio o desejo por riqueza e dinheiro. O desejo de receber continuou crescendo.
   
Seguindo o desejo por dinheiro veio o desejo por honra e poder. Agora vemos que mais pessoas começaram a evoluir. Aqueles focados em desejos físicos foram para os desejos por riqueza. Os que visavam desejos por riqueza, buscaram honra e poder. E após os desejos de honra e poder vieram os desejos por conhecimento científico, a partir da Idade Média, especialmente no tempo da Renascença.
   
Em nossos dias, começou a surgir o desejo por espiritualidade. Cada vez que as pessoas vêm para esse mundo, trazem um desejo de receber maior, com um grande ego por trás. Foi por essa razão que os ensinamentos foram mantidos em segredo, para que não fossem mal utilizados.

Quando aparece o desejo por espiritualidade? Depois que a pessoa tenha se desesperado com o seu desenvolvimento nos níveis anteriores e tenha atingido o estágio em que parece não existir mais nada nesse mundo que possa satisfaze-la. Só então ela pergunta: qual é o propósito da minha vida? Por que eu existo? Qual a razão dessa vida com todo esse sofrimento?

Essas questões levam uma pessoa a questionar sua origem, "De onde vem minha vida? Essas dúvidas são de um Plano Superior, podemos assim dizer. Esse é o desejo terreno de receber, tudo o que acontece nesse mundo. Daqui para a frente começa o desejo espiritual de receber.

Agora, aquele que busca começa a perguntar sobre coisas que estão além desse mundo, sobre as razões que estão além das desse mundo. Nesse ponto está o momento de revelar a sabedoria da Cabala. Por que? Porque a Cabala responderá a essas questões e quando a sabedoria é revelada, esta revelação vai nos aperfeiçoar, nos suportar e nos corrigir.

Uma vez corrigidos, estaremos protegidos dos nossos egos e não poderemos nos fazer mal. Entenderemos como a realidade é construida e entenderemos o Mundo Superior. Conheceremos a Providencia e o governo do Mundo Superior sobre nós.
   
Só então, depois que a sabedoria da Cabala for revelada, nós teremos permissão para abrir todos os demais ensinamentos e aprender como fizemos tudo errado no passado. Nesse ponto, com certeza, não poderemos mais nos fazer mal.
   
É por esta razão que o mundo hoje está atravessando um período muito difícil de crises. No passado, toda vez que ocorria uma crise, ela era substituida por uma nova crise. Se era uma crise econômica, essa era substituida por uma crise espiritual. Se não era espiritual, se transformava em crise cultural, e se não fosse cultural, então seria tecnológica. Elas de algum modo estavam sempre substituindo uma por outra e assim a humanidade ia evoluindo.
   
Hoje, chegamos a um ponto em que não importa com que tipo de especialistas falemos - filósofos, físicos, humanistas, cientistas ou sociólogos - todos chegaram a um brusco final em seu desenvolvimento. Estão completamente incapacitados em sua habilidade de antever o caminho certo a ser seguido. São incapazes de ver ou entender e sentem-se incapacitados de se desenvolver.

Neste ponto, dizem os Cabalistas, e sómente neste ponto, a sabedoria da Cabala deve ser revelada, porque ela fornece as respostas que os especialistas estão buscando. Em outras palavras, agora existe uma carência e a sabedoria da Cabala é revelada em função desta carência. Então agora é a hora de ser revelada.
   
Qual a necessidade de sua revelação e o que faz? A esse respeito Baal HaSulam escreveu o seguinte em seu artigo: "A Essência da Cabala"

"Em que consiste A Sabedoria?... Que esta sabedoria é uma sequência de raizes, que resultam, por meio de causa e consequência, em regras fixas e predeterminadas, entrelaçadas em um simples e destacado objetivo, descrito como "A revelação de Sua Divindade para Suas criaturas neste mundo".

quinta-feira, 4 de agosto de 2011

Reflexões sobre o Mal.

"[...] O Talmud observa que a Shemá possui um poder supremo para afastar as forças do mal, devendo ser recitado logo antes de dormir. segundo o Talmud, é a noite que as forças do mal estão mais fortes, e o Shemá  tem o poder de nos proteger contra elas.

O motivo parece óbvio: o mal só tem poder quando visto como algo desconectado do poder de D'us. Se pensamos que pode haver uma força do mal separada de D'us então podemos ser prejudicadas por ela. Contudo se admitimos que até mesmo o mal é criação de D'us então ele não terá mais força sobre nós. O próprio D'us disse pela boca de seu profeta: "Eu formo a luz e crio as trevas, faço a paz e crio o mal: Eu sou D'us, eu faço tudo isso."

O Zohar explica a existência do mal através de uma parábola. Um rei decidiu testar seu filho, para ver se este era digno de herdar o trono. Ele pediu ao filho que se afastasse de mulheres dissolutas e se mantivesse virtuoso, e então contratou os serviços de uma mulher para que tentasse o filho de todas as formas possíveis e imagináveis. O Zohar então faz a seguinte pergunta retórica: "Esta mulher também não será uma serva do rei?"

O objetivo do mal é o de nos tentar, e assim permitir que tenhamos o livre-arbítrio. Sem a existência do mal não teríamos outra alternativa senão fazer o bem e, nesse caso, não haveria virtude no bem que fizéssemos. Contudo um vez que D'us nos concedeu o livre arbítrio e quer que façamos o bem porque assim desejamos, o mal desempenha um papel importante nos planos d'Ele.

Na parábola, assim que o príncipe percebe que a mulher foi contratada por seu pai, ela deixa de representar uma ameaça. O mesmo vale para o mal. De fato, o Baal Shem Tov se aprofunda ainda mais na utilização deste ensinamento do Zohar. Diz ele: " Não sucumba ao mal; trate de superá-lo." Ele explica que, se o mal é um servo fiel do rei, então, devemos ser igualmente fiéis. Se o mal faz a vontade de D'us, devemos nós fazê-la tão bem quanto ele. [...]"

quarta-feira, 3 de agosto de 2011

O Que Pedir ao Criador?

Cada pessoa chega a um ponto onde tudo que costumava ajudá-la a avançar e desenvolver-se torna-se totalmente inútil. Qual deve ser o seu apelo ao Criador em tal estado?

Peça o que quiser, mas isso não vai ajudar! O Criador é uma força perfeita da natureza. Não é um velhinho ou uma força que pode ser influenciada. Não mesmo! O Criador é absoluto e, portanto, não muda. Se o Criador mudasse, isso significaria que Ele era diferente antes e agora ficou melhor ou pior.

Pedir ao Criador meios para desenvolver novos desejos dentro de mim. A razão pela qual eu sinto a mudança na sua influência constante sobre mim é porque eu mudo. O Criador nunca muda! Ele não ouve ou vê nada de nós. Ele é simplesmente uma grande, eterna, existente, e perfeita força da natureza. Nós somos os únicos que devemmos mudar, até nos tornarmos semelhantes a Ele.

Nossas orações são auto-julgamentos, auto-avaliações, e o desejo de mudar. Não há nada para pedir ao Criador, caso contrário, é como se você estivesse dizendo: "Você não é tão bom. Por favor, seja melhor!".

Aos poucos, vamos descobrir que estamos lidando com a natureza. O Criador é a natureza. E dentro desta natureza só podemos mudar. O ser humano é o único que pode mudar a si mesmo. Então, surge a pergunta: que estado temos que alcançar e como podemos alcançá-lo, para sentir-nos eternos e perfeitos, como a natureza?

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Oração: lembrança da dependência de D'us

O objetivo principal da oração é se aproximar de D’us. Somos ordenados a servir a D’us todos os dias, como a afirma a Torá: "E servireis ao Eterno, vosso D’us, e ele abençoará o teu pão e a tua água” (Êxodo 23:25).

Sendo D’us inerentemente perfeito, ninguém pode fazer nada por Ele. Servir a D’us então envolve cumprir o objetivo pelo qual fomos criados. Uma vez que este propósito é se aproximar dele, qualquer coisa que traga o homem mais perto de D’us é considerado Seu serviço. Portanto, já que rezar faz com que uma pessoa reconheça sua dependência em relação a Ele e por meio disso nos aproxima Dele, é o serviço essencial de D’us.

A oração é o serviço do coração, mas sem intenção sincera é como um corpo sem alma ou uma fruta sem casca. A oração une o espiritual e o material, fazendo do pedido de nossas necessidades materiais um serviço a D’us.

Nós não rezamos, para lembrar a D’us de nossas necessidades, e sim para lembrar a nós mesmos de dependência que temos com Ele.

Estamos então ordenados a rezar para D’us por tudo, embora Ele saiba nossos pensamentos e necessidades mais profundas, pois o ato de rezar eleva a consciência da pessoa por D’us e Sua providência, e deste modo faz com que a pessoa seja uma merecedora do bem que D’us quer dar.

(Rabino Aryeh Kaplan)

Retomada.

Caros amigos,

Depois de um longo tempo sem atualizações, resolvi retomar esse projeto de compartilhar as informações sobre Cabalá que aprendo e pratico diariamente.

Começarei esta nova fase com um artigo muito interessante que li de um Rabino, mestre em Cabalá.

Espero que aproveitem muito bem a leitura e, por favor, teçam seus comentário ou perguntas sobre quaisquer assunto que desejam ver sob à Luz da Cabalá.

Shalom!

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Meditação para Livrar-se do Inimigo Interior - Meditação Proteção.

A Inveja é a Imagem Invertida da Alegria.

A Cabalá ensina que o universo não é um produto acabado e que sua construção está prosseguindo neste exato momento. O mundo, portanto, não é algo simplesmente que acontece conosco. É algo que nós fazemos acontecer. “O propósito da criação foi o de trazer à existência uma criatura que pudesse derivar prazer da bondade de D'us”, escreveu o grande cabalista rabi Moshe Chaim Luzzatto (1707- 1747).

Michael Berg considera a firmação incrível. “Significa que tudo veio a existir para que nós o desfrutássemos. Muitas guerras, perseguições e tragédias humanas foram perpetradas ao longo dos séculos, supostamente por serem a vontade de D'us. No entanto, a Cabalá nos diz que a vontade de D'us é que encontremos prazer em Sua criação”.

Assim como a alegria está ligada à gratidão pelo o que o Criador nos deu, a inveja é a falta de gratidão, ensina o cabalista. “É um anseio autodestrutivo de ser outra pessoa, de ter a vida de outra pessoa ou algum aspecto dela, com uma rejeição implícita de quem nós somos na verdade. Devemos manter puras as nossas intenções. O anseio pela luz é um sentimento que nos é dado para ajudar em nossa transformação espiritual. O ciúme e a inveja são distorções desse sentimento, e representam uma corrupção do fluxo de energia dos mundos superiores. E a Cabalá nos ensina que não há nada que a inclinação negativa não tente corromper”.

O Livro do Gênesis (Bereshit) narra a história de Caim e Abel, que por inveja da devoção ao Eterno, Caim vitimou seu irmão. Quantas vezes nós não temo este sentimento ruim dentro de nós mesmos capaz de nos destruir? Não é uma inveja de outras pessoas mas um sentimento destrutivo que acaba nos impedindo de crescer.

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

Anjos da Cabalá.

Poucos sabem, mas todo o conhecimento disponível sobre anjos provém da Cabalá, a mais antiga sabedoria de nosso planeta. Uma sabedoria milenar, que contem os maiores segredos sobre os mistérios do universo e que se baseia em um conceito primordial: a Luz. A Cabalá explica que a satisfação de todos os nossos desejos pode ser encontrada nesta infinita substância, denominada Luz. É ela que dá origem a tudo que existe no universo. Ela explica ainda que toda a Luz que existe no universo provém de um ponto inicial, e que entre esse ponto e tudo que se manifesta aqui no mundo físico existem camadas intermediárias. Isso hoje é comprovado também pela física quântica.

Os anjos são energias que se situam nessas camadas intermediárias, entre Deus e o homem. Tanto que a palavra original na língua hebraica pra anjos é malachim, que significa também mensageiro. E isso explica a principal função de um anjo: ser um agente transportador, que leva a luz de um plano a outro, trazendo a nós a luz emanada por Deus, em suas diferentes formas.

Por exemplo, o tema afetivo em sua vida é regido por um anjo. Se você vem sofrendo por questões ligadas a área afetiva, é momento de injetar luz neste aspecto de sua vida. Agir de forma reativa, seja pelo lamento, seja por guardar uma mágoa, seja tentando resolver o problema a qualquer custo, pouco vai adiantar. É preciso injetar luz nesta sua “estação”. Os Cabalistas fazem isso há milênios, através da conexão com os anjos. Para cada aspecto da existência humana há um anjo relacionado e juntos eles formam os 72 anjos da Cabalá.

Você pode invocar os anjos da Cabalá, escolhendo, de acordo com as suas necessidades, a sintonia com o anjo mais adequado ao momento atual de sua vida. Pode também estudar sobre o anjo de seu nascimento. Uma energia que lhe acompanha por toda a sua vida e que lhe ajudará a entender a sua missão nesta existência.

Repare que falamos em invocar os anjos e não evocar. Há uma grande diferença entre esses dois métodos. O processo de evocação sugere que você vá pedir algo a um anjo, para que ele lhe traga aquilo que você precisa. Como cabalista não recomendo esta prática, até porque se você tiver que pedir algo à alguém peça diretamente para Deus, aquele que a tudo emana.

Já a invocação é algo que acontece a partir de dentro de você. Quando através de uma meditação, uma vocalização, uma ação, você desenvolve uma sintonia com a energia daquele anjo e assim abre espaço para receber aquela energia para a sua vida. Além de ser algo muito mais coerente, esta é a ferramenta que pode lhe trazer um verdadeiro crescimento espiritual.

domingo, 1 de agosto de 2010

A Árvore da Vida.

Entre os diversos códigos contidos na passagem de Adão e Eva no jardim do Éden encontramos duas diferentes árvores. Uma é chamada árvore da penetração do bem e do mal e a outra é chamada árvore da vida. A primeira indica algo muito diferente da interpretação literal, que ouvimos desde crianças. Ela indica a visão fragmentada que nos faz enxergar o mundo físico, ou mundo dos dez por cento, completamente separado do mundo dos outros noventa por cento.

Já a árvore da vida vem a representar o mundo dos cem por cento, ou a consciência que permite-nos identificar nosso mundo físico como parte integrada à diversas outras dimensões. Esta estrutura é alimentada por uma substância primordial e infinita, que é a origem e satisfação de todos os nossos desejos, denominada Luz. E o desejo de receber esta luz é a nossa essência e o que nos mantém vivos.

Mas se temos disponível uma infinita fonte de luz e nossa essência é o desejo de receber luz como se explicaria o fato de tantas pessoas passarem a vida repletas de escuridão e sombra?

O problema é que no caminho extra-físico pelo qual esta luz se propaga, desde sua emanação até chegar aqui em nós, existem dez diferentes cortinas. O mundo físico, dos dez por cento aparentes, no qual vivemos, se encontra após a décima cortina, e é portanto onde se tem menor visão da totalidade. Por ficar delimitado por uma cortina passamos a achar que ele é tudo que existe.

Assim, quando surgem os obstáculos em nossa vida, normalmente os enxergamos apenas pela ótica mais aparente. Desta forma enxergamos apenas a ponta de todo o processo. E fica muito difícil resolver um problema enxergando, no máximo, um décimo de sua totalidade. Surgem então aqueles inúmeros problemas sem solução:


  • Minha crise financeira não tem mais saída.

  • Nunca tive sucesso em minha vida afetiva.

  • Estou sempre com uma doença diferente.
Todos estes impasses, situações aparentemente sem solução, que assistimos com freqüência em nosso cotidiano, são visões fragmentadas da realidade, de quem enxerga apenas o mundo aparente dos dez por cento. Quando passamos a enxergar a totalidade, ou seja, o mundo dos cem por cento, nossa visão se amplia em dez vezes e passamos a identificar um tesouro em cada obstáculo com que nos deparamos. Algo essencial para o nosso crescimento, pois somente vendo-se além do aparente é que é possível entender a profunda dinâmica relacionada a tudo aquilo que se apresenta em nosso caminho.